Bem, com essa afirmação quero dizer que existiram e existirão indivíduos
que irão desenvolver um simulacro tão perfeito da fé capaz de muitos
grandiosos feitos,e, ainda de gerar uma expressiva convicção interior de
salvação, mas que ainda assim estarão definitivo, absoluto e certamente
perdidos. Isso nos ensina uma lição que é salutar deixar no local mais
visível na casa da nossa espiritualidade, qual seja - É possível crer
nas promessas redentivas de Deus de um certo modo que não se desdobre em
real auferição da salvação.
Jesus lida com essa questão da falsa certeza da salvação pintando-a de modo admirável: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu
nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.”
(Mt 7.21-23). Notem que os personagens retratados por Cristo se
apresentam como seus seguidores, se colocam como pertencentes ao âmbito
de seus servos e até se descrevem ( o que não foi contraditado por
Jesus) como portadores do karisma divino que os qualificou a transitarem
nos bastidores do sobrenatural e agentes gerais do poder pneumático do
reino de Deus.
No
final, porém, esses mesmos personagens são colocados por Cristo numa
condição existencial de falsários e reprovados! Ou seja, nunca
mantiveram nem um grau de intimidade (egvw – indicativo aoristo raiz givwskw) com Ele, o que depreende da sentença inexorável de Jesus: “Nunca vos conheci”. Nesse ponto acho instrutivo ouvirmos o que nos dizem os autores do Novo Comentário da Bíblia: “É
possível ter uma relação com Jesus Cristo que não seja a que
proporcione a salvação. É o grande perigo de uma profissão sem
possessão” (NCDB-2007, p.957).
Infelizmente
o hedonismo pagão, o mercantilismo agressivo, o ludinismo celebrativo
que imperam nos púlpitos e cultos evangélicos impedem que muitos
reflitam a natureza solene e grave da advertência de Jesus quanto à
segurança presunçosa e destruidora que uma profissão de “fé” pode trazer
ou mesmo suscitar como sentenciou Jonh Flavel:
“Tão forte pode ser essa falsa segurança que eles ousam se apresentar
audaciosamente diante do tribunal de Deus e lá defendê-la” (Flavel- Works).
Portanto,
cabe perguntar como discernir as evidencia de uma falsa segurança da
salvação? No que ela inequivocamente se diferencia da legitima e
autentica segurança? No quadro que Cristo pintou temos algumas
respostas. Primeiramente a falsa segurança está alicerçada nos motivos e
conteúdos errados: “Muitos,
naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu
nome não fizemos muitos milagres?”.
Percebam
que o motivo da segurança desses “servos” estava totalmente equivocado!
Não era a pessoa e obra de Jesus na condição de mesitês
(mediador), mas a experimentação do prodigioso! Muitos da mesma forma
estão colocando: a tradição, o legalismo, os milagres, as experiências,
os resultados quantificados como arrimo de suas seguranças, como
indústrias para fornecerem as provas empíricas da graça redentiva,
quando o casamento do coração e da vontade com a maldade e perversidade
da incredulidade gritam eloquentemente à condição reprovada da sua
interioridade: “É
impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o
dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e
caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento,
visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e
expondo-o à ignomínia. Porque a terra que absorve a chuva
que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por
quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.” (Hb 6.4-8).
Na
verdade quando os milagres e manifestações extraordinárias deixam de
serem (partindo da premissa que sejam genuinamente divinas) os
conseqüentes, os resultados, os efeitos da Nova era redimida, ou
conseqüências da manifestação karismática do evangelho, e, se tornam o
próprio conteúdo da fé, a própria causa, a finalidade em si, sua própria
agencia, estamos diante do maior e mais profundo exemplo de
promiscuidade espiritual: “Aproximando-se os fariseus e os saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado; e,
pela manhã: Hoje, haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho
sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis
discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.” (Mt 16.1-4).
Segundo
a falsa segurança da salvação não é reflexo de uma relação de amor
intenso e vivo com Jesus, mas uma camuflagem para o caso adúltero com o
pecado, com o ego caído: “Então,
lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os
que praticais a iniqüidade. Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.”.
Esse é o caso daqueles que possuem uma relação epidérmica com Cristo,
que funciona tão somente como um verniz para encobrir o caso
extraconjugal com as forças personalíssimas anti-Ser (pecado), Spurgeon
faz uma acusação poderosa: “Caso viva sem oração, você é uma alma sem Cristo, sua fé é uma ilusão e a confiança resultante dela é um sonho que o destruirá”. Infelizmente esse tipo de segurança marca e marcará indelevelmente multidões de crentes nominalmente professos: “Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também
a eles; porque esta é a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita
(larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e
são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e
apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam
com ela.” (Mt 7.13-14).
Nesse
ponto quero fazer algumas simples mais diretas indagações: Sua
segurança (se há) é realmente autêntica? Está amparada pelas evidencias
práticas da graça? Não há motivos dentro da dinâmica da vida da Igreja,
no carrossel dos relacionamentos de mutualidade indícios que apontem
para natureza falsificada de sua fé e como consequencia lógica de sua
confiança da salvação? Pense Nisto.
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