O OUTRO LADO DA MESMA MOEDA: FALSA SEGURANÇA DA SALVAÇÃO


A falsa segurança da salvação é a degeneração das implicações da bíblica e crucial doutrina da certeza da salvação advinda da não menos necessária e escriturística doutrina da perseverança final dos santos, além de ser uma paródia da real segurança da salvação como fruto saboroso da verdadeira fé como enfatizava inesgotavelmente William Perkins: “Conquanto alguns sejam de opinião de que a fé é segurança, ou confiança, parece ser exatamente o contrário; pois, a segurança é fruto da fé” (Perkins - Works).
 
Bem, com essa afirmação quero dizer que existiram e existirão indivíduos que irão desenvolver um simulacro tão perfeito da fé capaz de muitos grandiosos feitos,e, ainda de gerar uma expressiva convicção interior de salvação, mas que ainda assim estarão definitivo, absoluto e certamente perdidos. Isso nos ensina uma lição que é salutar deixar no local mais visível na casa da nossa espiritualidade, qual seja - É possível crer nas promessas redentivas de Deus de um certo modo que não se desdobre em real auferição da salvação.
Jesus lida com essa questão da falsa certeza da salvação pintando-a de modo admirável: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. (Mt 7.21-23). Notem que os personagens retratados por Cristo se apresentam como seus seguidores, se colocam como pertencentes ao âmbito de seus servos e até se descrevem ( o que não foi contraditado por Jesus) como portadores do karisma divino que os qualificou a transitarem nos bastidores do sobrenatural e agentes gerais do poder pneumático do reino de Deus.
No final, porém, esses mesmos personagens são colocados por Cristo numa condição existencial de falsários e reprovados! Ou seja, nunca mantiveram nem um grau de intimidade (egvw – indicativo aoristo raiz givwskw) com Ele, o que depreende da sentença inexorável de Jesus: “Nunca vos conheci”. Nesse ponto acho instrutivo ouvirmos o que nos dizem os autores do Novo Comentário da Bíblia: “É possível ter uma relação com Jesus Cristo que não seja a que proporcione a salvação. É o grande perigo de uma profissão sem possessão” (NCDB-2007, p.957).

Infelizmente o hedonismo pagão, o mercantilismo agressivo, o ludinismo celebrativo que imperam nos púlpitos e cultos evangélicos impedem que muitos reflitam a natureza solene e grave da advertência de Jesus quanto à segurança presunçosa e destruidora que uma profissão de “fé” pode trazer ou mesmo suscitar como sentenciou Jonh Flavel: “Tão forte pode ser essa falsa segurança que eles ousam se apresentar audaciosamente diante do tribunal de Deus e lá defendê-la” (Flavel- Works).
Portanto, cabe perguntar como discernir as evidencia de uma falsa segurança da salvação? No que ela inequivocamente se diferencia da legitima e autentica segurança? No quadro que Cristo pintou temos algumas respostas. Primeiramente a falsa segurança está alicerçada nos motivos e conteúdos errados: Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?”.
Percebam que o motivo da segurança desses “servos” estava totalmente equivocado! Não era a pessoa e obra de Jesus na condição de mesitês (mediador), mas a experimentação do prodigioso! Muitos da mesma forma estão colocando: a tradição, o legalismo, os milagres, as experiências, os resultados quantificados como arrimo de suas seguranças, como indústrias para fornecerem as provas empíricas da graça redentiva, quando o casamento do coração e da vontade com a maldade e perversidade da incredulidade gritam eloquentemente à condição reprovada da sua interioridade: É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia. Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.(Hb 6.4-8).

Na verdade quando os milagres e manifestações extraordinárias deixam de serem (partindo da premissa que sejam genuinamente divinas) os conseqüentes, os resultados, os efeitos da Nova era redimida, ou conseqüências da manifestação karismática do evangelho, e, se tornam o próprio conteúdo da fé, a própria causa, a finalidade em si, sua própria agencia, estamos diante do maior e mais profundo exemplo de promiscuidade espiritual: Aproximando-se os fariseus e os saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado; e, pela manhã: Hoje, haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.(Mt 16.1-4). 

Segundo a falsa segurança da salvação não é reflexo de uma relação de amor intenso e vivo com Jesus, mas uma camuflagem para o caso adúltero com o pecado, com o ego caído: “Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.”. Esse é o caso daqueles que possuem uma relação epidérmica com Cristo, que funciona tão somente como um verniz para encobrir o caso extraconjugal com as forças personalíssimas anti-Ser (pecado), Spurgeon faz uma acusação poderosa: “Caso viva sem oração, você é uma alma sem Cristo, sua fé é uma ilusão e a confiança resultante dela é um sonho que o destruirá”. Infelizmente esse tipo de segurança marca e marcará indelevelmente multidões de crentes nominalmente professos: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. (Mt 7.13-14).

Nesse ponto quero fazer algumas simples mais diretas indagações: Sua segurança (se há) é realmente autêntica? Está amparada pelas evidencias práticas da graça? Não há motivos dentro da dinâmica da vida da Igreja, no carrossel dos relacionamentos de mutualidade indícios que apontem para natureza falsificada de sua fé e como consequencia lógica de sua confiança da salvação? Pense Nisto.

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